Primeiros passos da puberdade

Quando é preciso levar o filho ao urologista e a filha ao ginecologista? Ao contrário do que muitos pais pensam, a visita não deve ser feita somente em casos de suspeitas de doenças, mas de forma regular na adolescência.

 De acordo com especialistas, a partir do início da puberdade, aos 12 anos para meninos e entre oito e 14 anos para as meninas, uma consulta com o médico que trata do aparelho reprodutivo já pode servir como prevenção a muitas doenças, além de criar uma oportunidade para tirar dúvidas comuns nessa faixa etária.

Meninos

A presença de garotos nos consultórios de urologistas é menos comum que a das meninas no ginecologista. No entanto, segundo o urologista especialista em andrologia Wagner de Ávila, de

 

São Paulo, a quantidade de jovens que procuram por orientação médica aumentou. "O número ainda é inferior ao ideal, mas antigamente era muito raro. Hoje em dia, já recebemos adolescentes com mais freqüência", compara o médico.

Ávila afirma que a visita ao urologista para tirar dúvidas deve ocorrer a partir do momento em que o menino entra na puberdade, por volta dos 12 anos. Normalmente, são os próprios pais, não se sentindo 100% seguros para falar de determinados assuntos, que levam os jovens ao médico.

De acordo com o especialista, alguns garotos que possuem relacionamento aberto com os pais entram acompanhados até da mãe. Porém, outros mais fechados preferem ser consultados sozinhos. As dúvidas freqüentes são, segundo Ávila, a forma de abordar uma mulher, a ejaculação precoce, o tamanho do pênis e as doenças sexualmente transmissíveis como Aids, Sífilis, Herpes, HPV, gonorréia.

Eu levei o meu filho aos 16 anos. Sou mãe solteira e não sabia como abordar alguns assuntos com ele. Preferi não entrar na sala para deixá-lo mais à vontade. Ele saiu de lá satisfeito e agora ele mesmo já puxa assuntos sobre sexo", conta a professora Cássia Carneiro, de 38 anos.

A partir dos 45 anos também é importante a visita ao urologista, pois é quando começa a haver maior incidência de câncer de próstata na população. É preciso a realização do exame de toque. "Entretanto, uma vez que a incidência desse mal tem relação com a herança familiar e também sofre a interferência de fatores comportamentais - como o hábito de consumir alimentos ricos em gorduras animais - aqueles que se enquadram nessas situações precisam procurar o urologista a partir dos 40 anos, com freqüência semestral"

Meninas

A primeira consulta ao ginecologista não é nenhum "bicho-de-sete-cabeças". É preciso saber que, além de ser importante para garantir a boa saúde das adolescentes, a visita a este profissional é uma ótima oportunidade para elas tirarem da gaveta todas aquelas dúvidas que ficam rondando a cabeça nesta idade, especialmente quando o assunto é sexualidade.

Segundo a ginecologista especialista em adolescentes Sílvia Melo, a primeira consulta de uma garota deve ocorrer tão logo surjam os primeiros sinais da puberdade, como o aparecimento de pêlos pubianos e crescimento das mamas. "Esse desenvolvimento pode variar muito entre as meninas. O normal é que ocorra entre oito e 14 anos", ressalta.

Ela explica que, nesse primeiro momento, a adolescente irá somente conversar com a ginecologista para perder o medo e facilitar o procedimento nas consultas futuras. "Isso é importante para criar um vínculo com o profissional que a acompanhará durante toda a vida reprodutiva. Também é essencial dizer a verdade, porque é por meio das respostas que o médico fará uma avaliação correta, indicando sempre o que for melhor para paciente e, conseqüentemente, para a saúde e bem-estar", afirma.

Para Fabiana Rodrigues, de 42 anos, levar a filha ao ginecologista foi bom para uni-las mais ainda. "Quando Fábia ficou menstruada, ela tinha apenas nove anos. Conversei e expliquei tudo sobre a nova fase que estava entrando, mas mesmo assim senti que ficou algo vago. Foi quando a levei ao ginecologista para esclarecer todas as dúvidas. Atualmente, ela vai sozinha, mas sempre pergunta se não quero acompanhá-la", diz Fabiana.

A ginecologista lembra que nem todas as mães têm consciência de levar a filha a uma consulta tão cedo e muitas procuram um especialista somente quando a jovem começa a namorar. "Em alguns casos, quando a menina começa a namorar sério, a primeira relação sexual dela já aconteceu antes", diz.

Mas não são só as mães que evitam levar as filhas ao ginecologista. "As próprias adolescentes, às vezes, só nos procuram cerca de um ano depois do início da vida sexual, quando começam a aparecer os problemas",